16 de dez. de 2012

Morre aos 73 anos o catarinense que doou sangue 187 vezes durante a vida.


O catarinense que doou sangue 187 vezes entre 1958 e 2006 morreu aos 73 anos na sexta-feira (14), em Curitiba, onde foi internado por causa de um câncer. Orestes Golanovski era de Canoinhas, no Norte de Santa Catarina e doou mais de 90 litros de sangue no período. O enterro foi por volta das 17h30 desde sábado (15), em sua cidade natal.

De acordo com o filho Silmar, a primeira doação do pai foi em 1958, quando Orestes prestava o serviço militar, no Rio de Janeiro.
Em 1969, quando já estava de volta a Canoinhas, uma mulher grávida estava com hemorragia e precisava de doações de sangue. "Meu pai foi doar, mas não foi suficiente. Outra pessoa foi chamada, mas queria cobrar pela doação. Então ele decidiu doar pela segunda vez no dia", conta o filho. Ainda assim, as doações não foram suficientes. A criança foi salva, mas a mulher morreu. "Isso fez com que ele prometesse que a partir daquele dia nunca mais deixaria ninguém da cidade morrer por falta de sangue", complementa Silmar.

A partir de então Golanovski começou a mobilizar a comunidade e alertar para a importância de doar sangue. Em 1991, fundou a Associação dos Doadores de Sangue da Região de Canoinhas (Adosarec). O grupo começou com 15 pessoas e em 2012 ultrapassava 4 mil doadores. "O maior legado dele que conseguiu estabelecer na cidade a cultura da doação de sangue. A situação em outros locais geralmente é crítica. Aqui, para cada uma bolsa de sangue que nós necessitamos, coletamos outras três para serem distribuídas ao restante do estado", conta Silmar, orgulhoso do pai.

Ainda conforme o filho, o trabalho foi estruturado a partir de grupos. São mais de 70 cadastrados na associação. Cada grupo possui um coordenador, que é acionado quando há falta de sangue em algum local. Ele marca um horário com cada doador disponível e um microônibus vai buscá-los e leva para a coleta. "Todos fazem isso sem receber nada, sem perguntar para quem é, sem conhecer quem recebe. Isso se repete 10, 20 e até 1000 vezes no ano. Já levamos doadores para São Paulo e Porto Alegre diversas vezes, quando não há doadores suficientes", relata ele, que também é doador, a exemplo do pai.

Há cerca de 15 anos, Golanovski representou a Associação em um evento da Federação Internacional das Organizações de Doadores de Sangue, que ocorreu no Brasil. "Neste dia eles apresentaram um italiano como o maior doador do mundo. Porém, ele estava com mais de 80 anos e havia doado 130 vezes. Meu pai ainda era doador na época e já contabilizava mais de 160. Ao se apresentar, foi então considerado o maior de que tinham notícia", completa Silmar.

A última doação de Orestes foi em junho de 2006, quando completou 65 anos, idade limite para doar. "Ele cumpriu a promessa e vamos continuar trabalhando para que ela não seja quebrada", finaliza o filho.

Fonte: G1