Dos sete ministros que representam o PMDB no governo Dilma Rousseff, três resistem à ideia de se exonerar dos respectivos cargos: Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Kátia Abreu (Agricultura). Arriscam-se a enfrentar processos de expulsão. Alçada à Esplanada por escolha pessoal de Dilma, a senadora licenciada Kátia (TO) cogita deixar o PMDB.
A situação de Castro (PI) e Pansera (RJ) é mais inusitada. Ambos são deputados federais. Viraram ministros numa articulação concebida para fazer do neogovernista Leonardo Picciani (RJ) líder do PMDB na Câmara. O problema é que o apoio de Picciani ao governo evaporou na semana passada, quando o diretório do PMDB do Rio, comandado por Jorge Picciani, pai do deputado, enrolou-se na bandeira do rompimento.
Quer dizer: a eventual permanência de Castro e Pansera no governo pode ser mais constrangedora para a própria Dilma do que para o PMDB. Assim como há em várias cidades uma rua Voluntários da Pátria, a presidente da República atravessaria em sua administração uma metafória avenida chamada Traidores da Pátria.
Um dos ministros recalcitrantes, Celso Pansera, esteve nesta segunda-feira no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. Comunicou a Michel Temer sua pretensão de permanecer ao lado de Dilma. Com a suavidade vocal que o caracteriza, Temer informou a Pansera que, mantida a decisão, não terá como impedir a legenda de abrir um processo de expulsão contra ele.
Entre os outros quatro ministros filiados ao PMDB, um já entregou sua carta de demissão para Dilma: Henrique Eduardo Alves (Turismo). Saiu na véspera da aprovação do rompimento, que ocorrerá em reunião marcada para esta terça-feira. Outros três sinalizaram a intenção de pedir exoneração: Eduardo Braga (Minas e Energia), Helder Barbalho (Portos) e Mauro Lopes (Aviação Civil) —este último foi empossado há escassos 12 dias.