10 de dez. de 2015

Secretaria de Saúde descarta 40 casos de microcefalia na Paraíba

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) já descartou 40 casos suspeitos de microcefalia na Paraíba até 5 de dezembro. Ao todo, 316 foram notificados em 56 municípios paraibanos. Entre eles, esta o caso de um recém-nascido que evoluiu para morte. A quantidade de casos de microcefalia confirmados ainda não foi divulgada, mas exames já confirmaram a relação com o Zika vírus em dois deles. Os demais casos continuam em investigação pelas Secretarias Municipais de Saúde, com apoio da SES.


“A maioria das notificações foi realizada baseada, apenas, na medida do perímetro cefálico (PC) igual ou inferior a 33 centímetros, independentemente da mãe relatar ou não sinais ou sintomas de doenças infecciosas durante a gravidez e de exames complementares. Portanto, trata-se de uma triagem de crianças nascidas a partir de 1º de agosto, que se enquadram na definição de caso suspeito, a fim de possibilitar o desencadeamento da investigação e, com isso, concluir um diagnóstico final de confirmação ou descarte de malformação congênita relacionada ao vírus Zika, conforme protocolo clínico do Ministério da Saúde”, explicou a gerente executiva de Vigilância em Saúde da SES, Renata Nóbrega.​

 Os 40 casos que foram descartados passaram por exames de imagem para diagnóstico da microcefalia e todos apresentaram laudos da ultrassonografia transfontanela (moleira) dentro dos padrões de normalidade. Os dois casos confirmados são de gestantes residentes em Juazeirinho e a relação com o vírus foi detectada pelo método de Reação da Transcriptase Reversa, seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) em amostra de líquido amniótico.

A única morte registrada, que segue em investigação, foi identificada em gestante residente de Piancó. A SES informou que, além dos fetos que estão no ventre da mãe e dos bebês que já nasceram, está investigando casos de aborto para identificar se o Zika vírus tem relação com as mortes.

O Ministério da Saúde confirmou no dia 28 de novembro a relação entre o Zika vírus e o surto de microcefalia na região Nordeste. O Instituto Evandro Chagas, órgão do MS em Belém (PA), encaminhou o resultado de exames realizados em um bebê, nascido no Ceará, com microcefalia e outras malformações congênitas. Em amostras de sangue e tecidos foi identificada a presença do Zika vírus.

Critério de classificação

Nesta terça-feira (8), a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde divulgou o “Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika”, com o objetivo de subsidiar os profissionais de saúde e as áreas técnicas de vigilância em saúde com informações gerais, orientações específicas e diretrizes relacionadas às ações de vigilância da ocorrência de microcefalia em todo território nacional.

Antes, os bebês com até 33 cm de perímetro cefálico já eram notificados como suspeitos. Agora, só devem ser considerados suspeitos os casos de perímetro cefálico de até 32 cm. “Esse número foi corrigido por sugestão do próprio Ministério da Saúde, junto com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Crianças com 33 cm ainda são consideradas como perímetro cefálico normal. Esse um centímetro realmente faz diferença porque agora se adequa muito mais à realidade. Mas é bom lembrar que mesmo crianças com 32 cm, algumas delas, não vão ter nenhum tipo de alteração no sistema nervoso central e, portanto, não terão microcefalia propriamente dita”, explicou o diretor geral do Hospital Infantil Arlinda Marques, Bruno Leandro de Souza.

Ainda assim, todos os casos suspeitos notificados até 7 de dezembro de 2015, que tiverem PC entre 32.1cm e 33cm, devem seguir sendo investigados e classificados. Serão excluídos para finalidade de vigilância, todos os casos que, após revisão da aferição das medidas, dos exames ou do critério de enquadramento, não estejam contemplados nas definições estabelecidas para relação com infecção pelo vírus Zika. No entanto, todas as crianças devem ser acolhidas e acompanhadas de acordo com os protocolos clínicos.

A partir da publicação desse protocolo, as vigilâncias dos estados e municípios também deverão realizar a detecção de casos de gestante com possível infecção pelo vírus Zika durante a gestação; feto com alterações do SNC possivelmente relacionada à infecção pelo vírus Zika durante a gestação; aborto espontâneo decorrente de possível associação com infecção pelo vírus Zika, durante a gestação; natimorto decorrente de possível infecção pelo vírus Zika durante a gestação; e recém-nascido vivo (RNV) com microcefalia possivelmente associada à infecção pelo vírus Zika, durante a gestação.

Municípios

De acordo com o Boletim Epidemiológico Nº 03, divulgado nesta quarta-feira (9), a Região Metropolitana de João Pessoa contabiliza 75% do número de casos suspeitos. João Pessoa se mantém como o município com maior número, num total de 163 casos, sendo também o município que mais revisou prontuários, realizando busca ativa retrospectiva nos atendimentos das maternidades públicas.

O Conde segue com 13 casos, Alhandra com 12, Sapé com 12 casos, Bayeux com 10, Pitimbu com nove, Caaporã e Pedras de Fogo com oito casos. Já o município de Cabedelo, por sua vez, seis casos, Santa Rita seis casos, Rio Tinto quatro casos e Lucena um caso.

Fonte: G1 Paraíba