A Hyundai vai inaugurar na próxima sexta-feira (09) mais uma fábrica no Brasil. A nova planta industrial instalada no estado de São Paulo terá capacidade anual de produção para 100 mil veículos. A montadora produzirá veículos bicombustíveis compactos da marca.
O grupo Caoa (importador exclusivo da marca Hyundai no Brasil desde 1999) mudou o discurso em relação à Paraíba. De projeto definido e investimento certo para a construção da primeira montadora de veículos no Estado, o grupo do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade fala agora apenas em “intenção” e “estudo”.
Quem informou foi a assessoria do próprio grupo, alegando que não existe nenhum projeto sobre expansão do grupo.
Atualmente a Hyundai possui possuiu uma fábrica localizada na cidade de Anápolis (GO) mantida em parceria com o grupo brasileiro CAOA. Nesta planta industrial, é produzido o minicaminhão HR e a partir do ano que vem, também fabricará a versão nacional do SUV Tucson.
O local escolhido para instalação da nova fábrica foi a na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. O jornal Maeil Business publicou uma reportagem onde complementa esta unidade inaugurada é destinada a produção de veículos bicombustíveis compactos. Além de modelos da Hyundai, também poderão ser fabricados carros da sua subsidiária Kia Motors.
Os modelos produzidos não foram confirmados, mas o recente lançamento i20 pode ser um dos eleitos. O hatch médio i30, que começará a ser vendido no Brasil ainda este ano, também poderá fazer parte desta lista caso tenha uma boa receptividade no mercado.
O empresário paraibano Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador do grupo Caoa, parece já prever o fim da parceria com a Hyundai. A montadora coreana investiu sozinha na fábrica de Piracicaba.
Para preparar o terreno e garantir que não haverá um divórcio abrupto, a exemplo de outros rumorosos casos no setor, a Caoa praticamente dobrou o número de concessionárias com a bandeira Hyundai em 2011 e, segundo o mercado pode pleitear importação de novas marcas.
Depois de 14 anos trazendo veículos da Hyundai com exclusividade para Brasil, o Grupo Caoa pode não debutar na parceria com a montadora. Fontes do mercado dizem que o contrato das empresas deve se encerrar no fim de 2013 e que mesmo com a opção de prorrogação, a coreana deve seguir o caminho sozinha.
Segundo a assessoria de imprensa da Caoa,o que “existe é a intenção de ter uma unidade no Nordeste e que a Paraíba tem uma atenção especial neste sentido, mas que, por enquanto, são apenas estudos”. Um discurso bem diferente do presidente do grupo que, em entrevista exclusiva ao programa Correio Debate, da 98FM, assegurou que o Estado ganharia sua primeira montadora de veículos, que geraria 20 mil empregos diretos.
A afirmação do empresário Carlos Alberto de Oliveira, no dia 5 de junho passado, empolgou a classe política. Em cadeia de rádio para todo o Estado, ele chegou a afirmar, ao vivo, direto de Paris (França), que o empreendimento tinha potencial de gerar mais de 80 mil empregos com a instalação de fábricas satélites, responsáveis pelo fornecimento de peças e suprimentos para a Hyundai.
Carlos Alberto falou durante aproximadamente 20 minutos, por telefone, e neste período deu explicações sobre os investimentos previstos para concretização do projeto – algo em torno dos U$ 600 milhões. Chegou a contar como foram as primeiras negociações e boa parte do processo que chamou de “concretização da escolha da Paraíba para sediar o novo empreendimento” de seu grupo.
Incentivos
Depois do anúncio feito por meio do programa de rádio, o governador Ricardo Coutinho não recebeu mais nenhum contato da empresa. Ele disse que o Governo está pronto para oferecer as condições e incentivos necessários para atrair os investimentos que o Estado precisa. “Não estamos parados, estamos buscando novos investimentos e apresentando a Paraíba como uma opção para os grandes grupos”, informou Ricardo.
Para ele, a Hyundai receberá incentivos e totais condições do Estado para a instalação de uma unidade produtora. “O investimento é privado. Cabe ao Estado assegurar totais condições para que esse investimento se instale aqui. Mas ao Governo só cabe esperar a decisão do empresário”, afirmou.
No último dia 20 deste mês, o Diário Oficial trouxe a publicação de uma série de resoluções que concedem benefícios fiscais para 10 empresas, através do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Industrial da Paraíba (Fain), executado pela Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep).
As empresas beneficiadas pelo pacote de incentivos vão investir mais de R$ 570 milhões, com perspectiva de gerar diretamente 562 novos empregos em seis cidades diferentes. As atividades dessas empresas são diversificadas, indo desde fabricação de cimento, artigos de higiene pessoal, vidro e beneficiamento de minerais não metálicos.
As empresas terão outros benefícios específicos também quando as fábricas estiverem em operação. As cidades contempladas com os empreendimentos são Conde, Campina Grande, Caaporã, Bayeux, João Pessoa e Pedra Lavrada. “Estamos trabalhando para atrair novos investidores, como também, apoiar os que já estão com suas unidades implantadas no Estado”, justificou o governador.
Paralelamente à concessão de benefícios fiscais, o Governo do Estado também está investindo em obras estruturantes, que também são levadas em consideração quando da análise da Paraíba por parte dos investidores.
Histórico
O empresário Carlos Alberto Oliveira argumentou que a negociação entre o grupo e o Estado teve início ainda em 2008, quando o então governador Cássio Cunha Lima o procurou para tratar sobre o assunto. “O governador Cássio me procurou e tivemos uma reunião com o presidente Lula e ali começou a germinar o processo”, disse o empresário, acrescentando que escolheu a Paraíba por ser sua terra natal.
Carlos Alberto informou que em 2010, assim que tomou posse, o governador Ricardo Coutinho lhe fez uma visita em sua casa para dar sequência à negociação. “Ele apresentou todas as possibilidades e incentivos que necessários para irmos para a Paraíba. Cássio iniciou e Ricardo deu continuidade”, acrescentou.
No dia anterior à sua participação no programa de rádio, 4 de julho, Carlos Alberto ligou para Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho anunciando a implantação da montadora na Paraíba. “Isso me deixa contente: depois de levar vários projetos para o Brasil, levar um projeto nacional para minha terra natal, principalmente pela carência que o Estado tem de investimentos”, disse.
O governador Ricardo Coutinho também entrou no ar no mesmo programa e se mostrou muito satisfeito com o anúncio. “A Paraíba quer dialogar com seus filhos ilustres. Eu dizia hoje que mais do que nunca nossa condição é de abrir os braços para que a Paraíba pudesse receber um investimento tão importante”, declarou.
Ainda no ar, Ricardo Coutinho se mostrou apressado em consolidar o anúncio feito pelo empresário e disse que estava à disposição para receber nos próximos 45 dias (prazo terminado em 20 de julho) os executivos do Grupo Caoa para tratar de questões mais diretas, como localização e escoamento da produção.
Repercussão
No dia 6 de junho, a Agência Brasil divulgou matéria sobre a escolha da Paraíba para sediar a nova montadora e, assim, o assunto foi parar nos principais veículos do país.
Paraibano de Campina Grande, Carlos Alberto teria dito que tinha muita vontade de se instalar em seu estado natal, mas que por enquanto eram apenas estudos.
O site especializado Automotive Business também publicou uma longa matéria explicando questões legais que impediriam esse empreendimento em curto prazo e explicou que o tal anúncio teria sido motivado por um erro num texto publicitário. A princípio, um comercial de TV circulava na Paraíba anunciando a segunda fábrica do grupo no país. Segundo o site, a empresa teria afirmado que houve engano no texto e que a intenção do vídeo era divulgar o aumento nos investimentos da Caoa na Paraíba, com abertura de novas lojas.
O grupo é o maior revendedor Ford do país e importadora da marca Subaru desde de 1998, além de deter contrato de exclusividade da marca Hyundai no Brasil.
Disputa pela sede
Logo após o anúncio da Paraíba como sede de um empreendimento de U$ 600 milhões e capaz de gerar, de uma tacada só, 20 mil empregos, a classe política do Estado começou a apresentar suas cidades-sedes como candidatas.
A disputa ganhou a rodas de conversas, os veículos de comunicação e até mesmo as tribunas das câmaras municipais e Assembleia Legislativa, com discursos inflamados. Nesse contexto, a cidade portuária de Cabedelo despontou como uma das favoritas por motivos óbvios: proximidade com o porto, o que baratearia os custos com transporte, tornando a fábrica mais competitiva.
Fonte: Portal Correio