20 de set. de 2012

Seleção vence a Argentina no fim, mas Mano sofre pressão implacável.

 A vitória da seleção brasileira sobre a Argentina por 2 a 1, no estádio Serra Dourada, pelo Superclássico das Américas, salvou o fim de noite de Mano Menezes nesta quarta-feira. O gol de pênalti marcado por Neymar, já nos acréscimos, evitou vaias sem precedentes ao treinador desde que ele assumiu o comando verde e amarelo. Até porque, antes disso, os mais de 37 mil torcedores o tinham chamado de burro, dado adeus ao treinador e pedido o retorno de Luiz Felipe Scolari, técnico do pentacampeonato.
O clima começou a ficar ruim para o comandante da Seleção quando ele sacou Luis Fabiano para a entrada de Leandro Damião. Mas até aí eram apenas vaias. Quando resolveu trocar Lucas por Wellington Nem, a reação das arquibancadas foi completamente diferente à de apoio no início da partida. Definitivamente, a sombra de Felipão, demitido do Palmeiras, entrou em ação.

Durante a tarde desta quarta-feira, em evento no Palácio das Esmeraldas, o presidente da CBF, José Maria Marin, anunciou que Goiânia receberá a Seleção na preparação para a Copa das Confederações. E lá foi questionado sobre o fato de Scolari, campeão do mundo em 2002, estar no mercado. A resposta foi evasiva: "Minha preocupação é a CBF. E o treinador da seleção brasileira é o Mano Menezes".

 Se as vaias dos paulistas na vitória sobre a África do Sul, no Morumbi, tinham sido de certa forma esquecidas por conta da goleada sobre a China, por 8 a 0, no Recife, a forte pressão em Goiânia deve mexer mais com a comissão técnica e também com os jogadores, que não tiveram uma boa atuação, à exceção de Paulinho, autor do gol, e de Neymar, sempre perigoso com suas jogadas individuais.

A partida de volta do Superclássico das Américas será no próximo dia 3 de outubro, em Resistencia, na Argentina, e o Brasil joga por um empate para ficar com a taça. Como não há vantagem por gol marcado na casa do adversário, os hermanos têm de vencer por dois ou mais gols de diferença. Triunfo por apenas um levará a decisão para os pênaltis.

Premonição goiana

 É verdade que a goleada de 8 a 0 sobre a China já tinha ajudado a Seleção a esquecer um pouco das vaias recebidas em São Paulo, no triunfo por 1 a 0 sobre a África do Sul. Mas o hino cantado à capela pela torcida goiana nesta noite (o sistema de som parou de tocá-lo na metade) deu uma injeção de ânimo no grupo. Emocionante.

Tanto que com a bola rolando, o time de Mano Menezes mostrou que estava cheio de vontade. Ora com Lucas, ora com Neymar, o Brasil tentava chegar pelas pontas do campo, já que o meio estava totalmente congestionado pelos três volantes escalados por Alejandro Sabella do outro lado. Melhor, a Seleção não conseguia finalizar.

A superioridade brasileira era tão expressiva que até os 19 minutos a posse de bola verde e amarela era de 72%. Mas no futebol o que conta é bola na rede. E a Argentina foi mais eficiente. Clemente Rodriguez cruzou da esquerda, e o corintiano Martinez dominou e chutou forte, deixando o goleiro Jefferson sem reação.

Xodó da torcida goiana, Luis Fabiano, que teve seu nome gritado por várias vezes, tentou responder no minuto seguinte, mas chutou muito longe. Muito mesmo. Em desvantagem, o Brasil contou com o apoio incondicional da torcida para manter a calma, seguir com boa posse de bola e buscar o empate.

Igualdade que veio de maneira premonitória. Aos 25 minutos, Lucas sofreu falta na direita. Quando Neymar se preparava para a cobrança, a torcida começou a gritar "gol, gol, gol, gol". Deu certo! O craque santista cruzou para área, e o também corintiano Paulinho, impedido, desviou de cabeça: 1 a 1.

Adeus, Mano" e "Volta, Felipão", os hits da torcida

Para o segundo tempo, não houve alteração de nenhum dos lados. O jogo também continuou igual: a Argentina bem cautelosa, esperando um erro adversário para encaixar um contra-ataque, e o Brasil, sem conseguir fazer o jogo coletivo fluir, apostando nas jogadas individuais e nos lançamentos de longa distância.

Com Lucas aberto do lado direito e Neymar do lado esquerdo, o Brasil começou a abrir mais espaços depois dos dez minutos. Mas ainda faltava alguém para arrematar. Ou então para ajudar na armação e surpreender os hermanos. Foi então que Mano Menezes decidiu sacar Jadson, aos 17 minutos, e colocar Thiago Neves.

O meia do Fluminense tentou acelerar a partida, dar mais velocidades às jogadas, só que a Argentina estava fechada demais. Luis Fabiano, por exemplo, quase não viu a bola chegar ao ataque. Na tentativa de dar sangue novo também nesse aspecto, Mano colocou Leandro Damião na vaga do Fabuloso. Ouviu algumas vaias.

Conforme os minutos se passavam, a torcida, antes empolgada, passou a ficar mais calada no Serra Dourada. Natural, já que o jogo ficou bem morno. Só que aos 29 minutos, quando Mano sacou Lucas para a entrada Wellington Nem, ela acordou. E de mau humor. Gritou "burro", pediu por Felipão e acrescentou um "Adeus, Mano".

E mesmo após as reclamações dos torcedores, a partida continou morna. Só esquentou mesmo aos 39, quando Neymar se estranhou com Braña ao tentar cobrar uma falta com rapidez. E o que parecia um drama para o Brasil se transformou em alegria nos acréscimos. Désabato chegou atrasado no lance e derrubou Leandro Damião na área. Pênalti para a Seleção. Neymar cobrou e garantiu o triunfo brasileiro.


Fonte: G1