
Netos de seu Antônio e filhos de seu João não conseguiam ter a mesma visão. O alpendre era de uma casa antiga, de alvenaria, toda branca e encravada sobre uma rocha. Seu João nasceu ali. Os seus oito filhos também. A imagem estava escondia por arbustos típicos da região, que foram desmatados há pouco tempo. Mesmo assim, só descoberta no domingo, 29 de julho passado.

No alpendre da casa, que está sendo reformada, estavam cerca de 30 amigos da família. “É uma santa”, concordou Sinfrônio de Lima, 74, evangélico, que ficou impressionado com os detalhes da rocha, a uns 100 metros da casa.
A zona rural de Cajazeiras sofre com a estiagem prolongada. Boa parte está sendo abastecida por carros-pipas do Exército brasileiro. No sítio Barra do Catolé , que fica aproximadamente 12 quilômetros da cidade, é essa a realidade. Não tem água para o consumo humano.

Quase 90% dessa população é de católicos, como a família Carolino. Seu João rezava um terço sempre com as mãos cruzadas de frente para a rocha. O desenho natural que se forma é de uma senhora, longilínea, coberta com um véu e com as mãos cruzadas à altura dos quadris. Obra da natureza. Até hoje, não há registros de nenhuma intervenção humana.
A maior parte do território do município de Cajazeiras é constituída por rochas resistentes, e bastantes antigas, que remontam à era pré-cambriana com mais de 2,5 bilhões de anos. Sua temperatura média anual varia entre 23° C e 30° C e na vegetação predomina a caatinga. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Cajazeiras é de 0,685, considerando como médio em relação ao Estado.

Para o arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, o melhor é ter precaução com o surgimento dessas imagens. “O importante é que o católico se forme biblicamente, para seguir o caminho de Jesus, pelo bom exemplo, pelo testemunho e por uma orientação mais específica”, observa. Contudo, lembra que em cidades próximas de Cajazeiras existem fenômenos naturais como esse, aceitos pela Igreja Católica. Cita como exemplo rochas que foram descobertas na cidade do Crato (CE), onde também estaria desenhada a imagem de Nossa Senhora.
Para a literatura católica, a descrição não é novidade. Consta que no século IV, em Roma (Itália), um nobre não tinha herdeiros e resolveu consagrar sua fortuna a Deus. Uma noite, Nossa Senhora apareceu-lhe em sonho e pediu para edificar uma basílica numa colina que apareceria, noutro dia, coberta de neve. Era noite madrugada de 5 de agosto. Pela manhã, o monte Esquilino, apesar do verão italiano, estava coberto de neve, formando a silhueta da santa. O jovem construiu a Basílica de Nossa Senhora das Neves, hoje Santa Maria Maior.