15 de abr. de 2017

OPERAÇÃO LAVA JATO: Marcelo Odebrecht diz que pagou R$ 24 milhões via caixa 2 para quatro partidos.

No seu depoimento de delação premiada na operação Lava Jato, Marcelo Odebrecht afirma que quatro partidos da coligação da chapa Dilma-Temer de 2014 receberam R$ 24 milhões da empreiteira via caixa 2. Segundo o ex-presidente da empresa, o dinheiro foi destinado para Pros, PDT, PRB e PCdoB.

Marcelo explicou para os procuradores que a divisão foi feita da seguinte forma.
"O total deu R$ 24 milhões [...] As notas dizem claramente qual foi o valor de cada um [...] Pro Pros 5, pro PDT, 5, pro PRB foi 5 e pro PCB, 7 [todos os valores em milhões de reias]", diz. 

A soma da relação de valores apresentada por Marcelo dá R$ 22 milhões, mas no depoimento nem o procurador, nem o delator citam os outros R$ 2 milhões que faltam.

Na delação, Marcelo afirma que todos esses valores foram pagos via caixa 2. "Na época, eu não procurei saber... mas agora, na colaboração, a gente confirmou: foi tudo caixa 2", disse.

O depoimento de Marcelo Odebrecht está entre o material que baseou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin para abertura de inquérito que vai investigar 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados. Veja aqui todos os citados na lista do Fachin e o que dizem sobre as suspeitas.

"No fundo eu entendi o seguite: que foi uma obrigação da candidatura Dilma de bancar um certo montante para esses partidos", afirmou Odebrecht na delação. Segundo ele, alguns pedidos de doações para partidos da coligação eram tratados em reuniões com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

Outro delator, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis, disse em seu depoimento que Mantega pediu para a empresa fazer doação de caixa 2 para que partidos aderissem à coligação. Segundo ele, foram negociados entre R$ 4 milhões e R$ 7 milhões para o PCdoB, Pros, PDT, PRB e PP. Reis disse que ficou com a tarefa de convencer o PDT, por sua relação com o presidente do partido, Carlos Lupi.

Guido Mantega está na lista do Fachin e será investigado. A defesa dele afirmou que ainda não conhece os motivos para abertura do inquérito e que só vai se pronunciar quando tiver acesso ao teor da denúncia.

O PDT divulgou uma nota na qual afirmava que "ônus da prova cabe ao acusador" e que "irá agir no âmbito da Justiça e tomar as medidas necessárias para que o delator comprove o que afirmou". O partido diz ainda que foi o primeiro a declarar apoio oficial à chapa de Dilma Rousseff e que o anúncio aconteceu "meses antes do suposto pagamento". 

O PRB afirmou, na ocasião da divulgação do nome do presidente do partido e ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, na lista do Fachin que: “O ministro está à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos necessários, muito embora não tenha sido notificado oficialmente nem tenha conhecimento de nada daquilo que é acusado. Marcos Pereira agiu sempre dentro da lei enquanto presidente de partido, buscando doações empresariais respeitando as regras eleitorais, e esclarecerá não ter qualquer envolvimento com atitudes ilícitas”.

O PROS foi procurado e ainda não havia enviado resposta até a última atualização desta reportagem. A assessoria de imprensa do PCdoB não atendeu às ligações.

A defesa de Ciro Nogueira, senador presidente do PP que está na lista do Fachin, nega que ele tenha recebido qualquer valor irregular.

Cobrança

No depoimento, Marcelo Odebrecht reclama também da cobrança dos partidos. "Realmente me gerou muito incômodo nessa eleição de 2014, o fato da gente estava doando e eu já tinha me comprometido com esses cem milhões lá trás e teve uma série de problema em 2014, e o governo não resolvia os problemas...", afirmou.

Marcelo diz que fez "uma nota enorme" com todos os pontos dos "problemas que a gente tinha com o governo". "Uma nota de quase cinco, seis, sete páginas... essa é a maneira de tratar os parceiros? A gente faz isso e vocês deixam todas essas pendências?", disse.

PDT

Em primeiro lugar é importante esclarecer que o ônus da prova cabe ao acusador;

O PDT foi o primeiro partido político que declarou oficialmente apoio à chapa de Dilma Roussef. Foi no dia 10 de junho de 2014, quando a então candidata Dilma Roussef foi ao partido em ato público amplamente divulgado pela imprensa. Isso já comprova, diante das datas apresentadas pelo delator, que o anúncio aconteceu meses antes do suposto pagamento.

O PDT irá agir no âmbito da Justiça e tomar as medidas necessárias para que o delator comprove o que afirmou. Para nós está clara a tentativa de ganhar algum tipo de benefício contra seus crimes, inventando calúnias contra o PDT.

Fonte: G1 Globo