A presidente da Federação dos Cultos Afro-brasileiros da Paraíba, Penha de Iemanjá, lamentou o estrago que foi feito pela Prefeitura de Cabedelo no Templo Religioso do Pai Joelson, que não teve oportunidade de tirar nem os objetos do imóvel que também servia de morada para ele e mais três pessoas. “Isso é um desrespeito à religião.
Chegaram arrombando, violando objetos sagrados, derrubando tudo com a máquina”, disse Penha, que também está estudando a possibilidade do preconceito ter motivado a ação da prefeitura. O templo situado no Jardim Oceania foi derrubado na manhã da última quarta-feira (7).
Segundo a presidente da Federação, os responsáveis pelo templo não teriam recebido nenhum comunicado da prefeitura sobre a demolição do local. Ela informou, ainda, que vai reunir a documentação referente ao templo para levar à prefeitura nesta quinta-feira, bem como para entrar na Justiça.
Já o vereador José Eudes (Pros) classificou de intolerância religiosa a ação da Prefeitura de Cabedelo. De acordo com o vereador, foi um ato desumano da Prefeitura, que faltou com respeito à religião afro-brasileira.
Eudes lembrou que a alegação de ocupação irregular do terreno onde funcionava o templo, para derrubar a estrutura, não o convenceu. “A Prefeitura de Cabedelo tem feito doações de terrenos para muitas pessoas do ciclo de amizade do prefeito Leto” recorda o vereador. Eudes revela que recentemente a Prefeitura fez a doação de uma grande área para a instalação de uma universidade particular – Ciências Médicas.
A secretária de Infraestrutura da Prefeitura de Cabedelo confirmou a derrubada do templo religioso. “Houve, mas não aconteceu nenhum tumulto” relata. Segundo Érica Gusmão, a Prefeitura, inclusive removeu todos os objetos do templo para a residência do responsável.
Érica Gusmão revelou ainda que a Prefeitura não tem nenhum projeto para área onde funcionava o templo, no Jardim Oceania. “Mas se tratando de uma área pública alguma coisa teria que ser feita”, arremata.
A reportagem também esteve com o chefe de gabinete da Prefeitura, Fábio Araújo, que alegou que os responsáveis pelo Templo Religioso do Pai Joelson foram notificados, por diversas vezes, sobre a necessidade de desocupação da área e não deram resposta, nem procuraram à Prefeitura. “Inclusive a última foi entregue no mês de abril”, justificou Araújo.
O chefe de gabinete de Cabedelo informou ainda que, no momento da entrevista, não dispunha dos documentos que comprovavam a ação da Prefeitura, mas que o secretário de Habitação, Rodrigo Martines. poderia encaminhar à redação do Portal , o que não aconteceu , após várias tentativas de contato com o gestor.
Fonte: Blog do Rembrant de Carvalho