É cada vez mais crescente o número de pessoas que utilizam a internet e, consequentemente, as redes sociais. Em estudo divulgado pelo Governo Federal, através da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, sobre os hábitos de consumo de mídia pela população brasileira, a internet aparece como o terceiro meio de comunicação mais utilizado pelos brasileiros, com 42%, e 92% dos internautas estão conectados às redes sociais.
Com grande adesão e pouco controle, esses meios se tornam grandes disseminadores de informações, opiniões e notícias. Já praticado há algum tempo, recentemente o assunto de compartilhamento de tragédias sem respeito à privacidade voltou à tona com a morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo, que teve imagens do corpo, vídeos da necropsia e diversos comentários postados nessas mídias. A repercussão foi tão grande que o deputado federal César Halum apresentou, no início do mês de julho, um projeto de lei que torna crime a reprodução de fotos e vídeos de cadáveres. Mas porque se compartilha tanto postagens desse gênero?
Segundo Jeoás Farias, diretor da Concepto Internet, empresa especialista em gerenciamento de redes sociais, essa ação é manifestada como uma forma de poder. “As pessoas eram passivas na forma de consumir conteúdo, utilizavam a TV, rádio e jornais para se atualizar, mas, hoje, elas são ativas na criação, inclusive de notícias. Todos divulgam e compartilham notícias de toda espécie pelo simples fato de serem os meios de transmissão e por saberem que vão ser curtidos e compartilhados, tornando-se, muitas vezes, tão importante quanto a notícia em si”, explica.
Já em relação ao conteúdo das postagens, no caso, as tragédias, Jeoás esclarece que o interesse por essa temática sempre fez parte do ser humano e que as redes sociais têm grande poder de alcance, seja para o bem ou para o mal. “As redes sociais ativam o melhor e o pior das pessoas. Da mesma forma que uma campanha de doação de sangue pode alcançar milhares de pessoas com poucos compartilhamentos, fotos de tragédias e casos aterrorizantes também se propagam como um tornado sem destino.”
Profissionais precisam de preparo.
As imagens do cantor, feitas por funcionários da funerária, evidenciou a importância do preparo dos profissionais da área. “Além da formação técnica, ao lidar com famílias que perderam alguém, é preciso sensibilidade”, explica Juliana Fernandes, Gerente de Marketing do Grupo Vila, empresa do ramo funerário com mais de seis décadas de atuação no mercado.
Lidar com famílias enlutadas demanda consciência da responsabilidade de fazer parte deste momento de vulnerabilidade. “Para trabalhar neste segmento é fundamental que os profissionais tenham empatia com os familiares e respeito à memória de quem partiu. É este respeito que faz com que tenhamos tanto cuidado com a privacidade da família e as informações que nos são passadas”, detalha Juliana.
Ao identificar a necessidade de uma capacitação diferenciada da equipe, o Grupo Vila desenvolveu o projeto Servir. A iniciativa busca alinhar os funcionários com os valores da empresa e oferecer aos clientes um atendimento de melhor qualidade. Os colaboradores participam de diversos treinamentos e oficinas, que falam principalmente sobre comportamento do servidor, qualidade, comunicação e atendimento.
Apesar do foco inicial do projeto ter sido o atendimento funerário, ele foi ampliado para outros setores. “Compreendemos que todos os nossos colaboradores estão, de alguma forma, envolvidos com nossos clientes enlutados e precisam compreender o nosso papel de minimizar a dor do impacto da perda”, finaliza a especialista.
Fonte: Luana Ferreira