20 de set. de 2013

Primavera pode piorar situação de Boqueirão.

A chegada da primavera, período no qual se inicia a elevação da temperatura, pode causar ainda mais problemas para a população no que diz respeito ao abastecimento de água, que já vem sofrendo com a falta de chuvas e o esvaziamento dos reservatórios no Cariri paraibano. Com o calor, a evaporação da água é maior e, sem chuvas para compensar este processo, o açude de Boqueirão, por exemplo, principal manancial da região, deve ter suas reservas de água prejudicadas, com a diminuição do nível de armazenamento.

Conforme o gerente de monitoramento da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), Lucílio Vieira, com a falta de chuvas a evaporação da água deve crescer e tornar ainda mais difícil a captação de água no reservatório. Nos meses de junho, julho e agosto, a média de perda de água por evaporação foi de cinco milhões de metros cúbicos, mas esse índice deve aumentar em cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos entre os meses de setembro, outubro e novembro. Para agravar a situação, dos 181,1 milhões de metros cúbicos que o açude possui atualmente, 30 milhões são impróprios para o consumo humano.

De acordo com dados da Aesa, entre os meses de janeiro e agosto deste ano, o nível de água do açude diminuiu de 240,1 milhões para 185,2 milhões de metros cúbicos, registrando uma redução de 22,86%. No mês de setembro do ano passado, o reservatório estava com 70,1% da capacidade e, agora, encontra-se apenas com 43,9% de sua capacidade total. Sem a ocorrência de chuvas substanciais, o açude que abastece 18 cidades paraibanas pode entrar em colapso e atingir, no próximo ano, nível de 11%, considerado alarmante pelos órgãos de monitoramento de água.

Lucílio faz um alerta ao um milhão de pessoas dos 18 municípios que consomem água do açude: “é preciso cada vez mais que as pessoas economizem água. Não sabemos como ficará a situação das chuvas no próximo ano. Se as coisas continuarem como estão, poderemos ter um colapso no açude de Boqueirão. Fica a critério do Estado decretar racionamento, mas desde já a população precisa fazer sua parte”, ressaltou ele.

Segundo a meteorologista Marle Bandeira, entre os meses de setembro e novembro há uma grande redução na quantidade de chuvas em todo o Estado.

“O período de chuvas do Cariri já passou e, historicamente, quase não chove entre setembro e novembro na Paraíba. Se chover, serão pancadas isoladas que não influenciam efetivamente no nível do açude”, explicou ela, acrescentando que o período característico de chuvas no Cariri, onde se localiza o açude e seus afluentes, é de fevereiro a maio, porém, nos últimos 2 anos as chuvas não foram suficientes para fazer o açude “sangrar”. A últimas três vezes que açude “sangrou” foram nos anos de 2008, 2009 e 2011.

Fonte: Jornal da Paraíba