Os consumidores deverão ter acesso apenas aos caixas de autoatendimento nas agências bancárias a partir desta quinta-feira (19) por causa do início da greve dos bancários. O sindicato que representa a categoria informou que não há interesse em dificultar os saques, mas avisou que os depósitos não serão realizados, pois não haverá funcionário para receber os envelopes deixados nos caixas eletrônicos. O Procon informou que vai fiscalizar para que os consumidores não sejam prejudicados.
O presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques, informou que as agências estarão fechadas por tempo indeterminado até que haja acordo com os bancos. Ele disse que, mesmo com a maioria dos serviços estando disponíveis nos meios eletrônicos e pela internet, os bancos estarão impedidos de realizar novos negócios que precisam de atendimento personalizado.
“Depósito não tem como a gente controlar porque essa operação é controlada por caixas e, como estarão em greve, aí não tem como fazer”, afirmou, acrescentando que investimentos e venda de produtos os bancos também estarão impossibiitados de fazer, como abertura de contas e empréstimos.
Fiscalização
De acordo com a advogada Kátia Farias, que é assessora de gabinete do Procon de João Pessoa, as equipes de fiscalização do órgão estarão atentas neste período de greve para que não ocorram abusos contra os consumidores. Segundo ela, todos os serviços devem ser mantidos com no mínimo 30%, inclusive os depósitos, com exceção de atividades que precisam de atendimento personalizado nas agências.
Ela lembrou que o Procon-JP pediu que os bancos apresentassem alternativas de atendimentos aos consumidores durante a greve e que ontem algumas instituições tinham enviado. Além dos canais de autoatendimento e internet banking, algumas instituições informaram que irão colocar informativos nas agências e orientar através de redes sociais e mensagens pelo celular.
“Tudo precisa ser mantido porque as pessoas precisam cumprir seus contratos. Vamos fortalecer a fiscalização, inclusive verificando a disponibilidade de envelopes para depósito, pois já ocorreu em greves anteriores de o consumidor chegar à agência e não ter como depositar. Entendemos o direito de greve, mas o consumidor não pode ser prejudicado”, alegou Kátia Farias.
A advogada do Procon-JP esclareceu que o consumidor deve ficar atento, pois a greve não gera o direito de não pagamento das contas e ele deve buscar formas alternativas de quitar seus débitos. “Quem não tem muita habilidade para utilizar os caixas eletrônicos pode procurar os correspondentes bancários”, destacou.
Campina Grande
O Procon municipal informou que a partir de hoje, duas equipes do órgão vão percorrer as agências bancárias para averiguar se há um funcionamento mínimo dos serviços. “As equipes vão estar observando se os caixas eletrônicos estão funcionando, para que não ocorra o desabastecimento, como registrado em outros anos. E ainda que a lei não trate, será observado se a compensação dos cheques está acontecendo, considerando que esse é um serviço essencial”, informou o coordenador do órgão, Floriano de Paula Mendes Junior.
Ele informou que as equipes do Procon irão fiscalizar se as agências bancárias também estão mantendo segurança nas salas dos caixas eletrônicos, para que dessa forma, os clientes, sejam resguardados. “Caso esses serviços não sejam garantidos, elas podem ser multadas com valores que variam de R$ 400 a R$ 6 milhões, conforme a gravidade do dano”, explicou.
Explicação aos clientes
Campina Grande - Nesse primeiro dia de greve os bancários de Campina Grande informaram que vão permanecer nas portas das agências, para conversar com os clientes explicando os motivos da paralisação dos serviços, deflagrado por tempo indeterminado. No final da tarde de ontem, os bancários já estamparam nas portas dos estabelecimentos os tradicionais adesivos do “Estamos em Greve”.
Os funcionários destacaram que nos próximos dias também estarão distribuindo com a população um material mostrando as reivindicações da categoria. “Queremos contar com o apoio da sociedade e vamos mostrar que a greve é justa.
Nesse momento não há nenhum canal de negociação e a última reunião com os banqueiros ocorreu no último dia 5 de setembro”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Bancários, Esdras Luciano Cabral.
Reivindicações
Os bancários entraram em greve para pressionar os bancos a conceder um aumento salarial de 11,93%, mas o que foi oferecido foi reajuste de 6,1%. O presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques,disse que as principais reivindicações estão relacionadas às condições de trabalho, desde assédio moral à segurança.
“Os bancários estão adoecendo devido aos excessos de trabalho por cobranças abusivas. Um a cada quatro bancários toma remédios controlados por casa da pressão no trabalho. Queremos melhoria na segurança dos bancos, cujo índice de assaltos é alarmante na categoria bancária, chegando a 205% maior do que o mesmo período do ano passado. Queremos mais ações preventivas de segurança, divisão melhor da participação dos lucros e resultados, contratação de mais trabalhadores para atender a demanda”, relatou.
Fonte: Correio da Paraíba