27 de jan. de 2013

Ministro da Saúde diz que prioridade é salvar feridos no incêndio de boate.

 O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou neste domingo (27), em entrevista coletiva, que a prioridade é salvar a vida das pessoas que ficaram feridas no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS), ocorrido durante a madrugada. Autoridades da Defesa Civil do Rio Grande do Sul informaram que 233 pessoas morreram na tragédia, 120 homens e 113 mulheres.

Segundo Padilha, 92 feridos no incêndio estão internados em hospitais de Santa Maria.
Outras 14 pessoas foram transferidas para a capital Porto Alegre.

Ele alertou ainda que é possível que as pessoas expostas à fumaça possam sofrer da chamada pneumonia química (quando há inalação de fumaça tóxica).

Conforme informações preliminares da tragédia, o incêndio teria começado por volta das 2h30, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.

As faíscas teriam atingido a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, e iniciado o fogo, que se espalhou pelo estabelacimento em poucos minutos. O incêndio provocou pânico, e muitos presentes não conseguiram acessar a saída de emergência.

O número de pessoas que estavam na boate ainda não foi confirmado. A festa "Agromerados" reunia estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de Pedagogia, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia e dois cursos técnicos.

Prioridade é 'salvar vidas'


Padilha disse que, além de salvar vidas dos feridos, agentes de saúde também ficarão focados no atendimento aos familiares das vítimas e no monitoramento do estado de saúde daqueles que estavam no local do incêndio. "A primeira prioridade é buscar salvar as vidas que podemos salvar ainda", disse o ministro.

"Temos 92 pacientes internados nos hospitais de Santa Maria. [...] A maior parte desses pacientes por intoxicação respiratória. Neste momento, pacientes queimados são minoria", afirmou Padilha. Ele esclareceu que cerca de 20% do total de feridos internados, 16 pessoas, são "grandes queimados".

 Identificação difícil

Durante a coletiva de imprensa, realizada por volta de 17h30, autoridades destacaram que 115 vítimas fatais já foram identificadas, sendo que 43 já tiveram os corpos liberados.

Alexandre Padilha disse que a identificação dos corpos é difícil porque muitas vítimas não estavam com seus documentos. "Parte das pessoas estava sem identificação, com documentos nas bolsas. Então, há um esforço na identificação".

O ministro da Saúde falou também que a segunda prioridade do poder público será "aliviar o sofrimento e dar suporte médico e psicológico aos familiares das vítimas fatais. Em relação a outras pessoas que estavam na boate, o ministro disse que a situação será monitorada. Para isso, haverá reforço na estrutura do pronto atendimento.

"É comum que parte das pessoas que estavam no local, mas num primeiro momento não sentiram quadro grave, não procurem atendimento. Mas três, quatro dias depois, apresentem tosse e falta de ar que pode evoluir para uma pneumonia química grave".

'Apuração exemplar'

Durante a coletiva, o ministro da Saúde disse que ficará em Santa Maria (SC) para monitorar a situação e que a presidente Dilma Rousseff "determinou que o governo federal dê todo o apoio para aliviar o sofrimento e salvar vidas" da tragédia.

"É um momento triste. É triste imaginar que isso aconteceu com jovens que estavam se divertindo. Por isso a gente quer se solidariezar com a dor. [...] É preciso uma apuração exemplar das responsabilidades dessa tragédia", pediu.

Doação de sangue e medicamentos

Padilha destacou ainda que, no momento, não há necessidade de doação de sangue nem de medicamentos para os feridos na cidade de Santa Maria. "O Hemocentro informou que está com estoque completo e que, neste momento, não precisaria do aumento da doação de sangue", afirmou.

"Vamos continuar acompanhando a situação. [...] É comum querer ajudar nessa situação, o brasileiro é muito solidário, mas é preciso que seja uma contribuição demandada pela coordenação da Defesa Civil. Não houve e não há necessidade de doação de medicamentos e insumos. O que foi necessário foi cedido do Ministério da Saúde".

Alvará de boate estava vencido

O alvará de funcionamento da boate Kiss estava vencido desde agosto de 2012, segundo o comandante do Corpo de Bombeiros da Região Central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuchs. Ele disse que o documento serve para atestar as condições de prevenção e combate a incêndios.

As unidades que receberam os feridos em Santa Maria foram Hospital de Caridade, Hospital Universitário de Santa Maria, UPA 24 horas, Hospital do Exército e Hospital São Francisco. O ministro afirmou que cerca de 30 pacientes internados respiram com a ajuda de aparelhos.

Segundo Padilha, os 14 feridos transferidos para Porto Alegre têm características de queimaduras. Na capital gaúcha, segundo o ministro, foi montada uma estrutura de referência de UTI para pacientes que precisavam de maior suporte médico.

O ministro informou ainda que, dos 92 internados na cidade da tragédia, mais 11 devem ser levados para Porto Alegre. "São pacientes que têm queimaduras, mas cuja principal gravidade é a intoxicação. Cinco estão no Hospital Caridade e seis no Hospital Universitário", disse. "Vamos continuar avaliando e, se existir necessidade, faremos a remoção de mais pacientes".

Fonte: G1