Cumprida a missão de fechar 2012 com a inflação dentro da meta -ainda que acima do centro, de 4,5% - o governo já prepara um reajuste para os preços da gasolina e do óleo diesel. Segundo técnicos da equipe econômica, o reajuste da gasolina pode ficar entre 7% e 9%, o percentual de defasagem nos preços do produto. A alta do diesel ficaria em cerca de 4%.
O aumento do preço da gasolina ficará abaixo dos 15% que vêm sendo pedidos pela Petrobras.
Isso porque o governo tem grande preocupação com o impacto que o aumento pode ter sobre os índices de preços. A estatal do petróleo vinha pressionando por um reajuste no valor do combustível desde o ano passado, mas o Banco Central temia o comportamento da inflação, que acabou fechando o ano em 5,84%. Como antecipou, foi justamente por isso que a correção foi adiada para o início deste ano.
Especialistas calculam que um reajuste de 7% da gasolina nas refinarias, acrescido do aumento do preço das passagens de ônibus no Rio (5,4%) e em São Paulo (estimado em 11%) - o qual já foi impedido pelo governo federal -, teria impacto na inflação de janeiro de 0,19 ponto percentual.
Inflação pode subir a 6,3%
Com isso, a projeção da LCA Consultores para o IPCA de janeiro passaria de 0,86% para 1,05%. E a inflação acumulada nos últimos 12 meses até janeiro ficaria em 6,35%, bem próxima do teto da meta oficial.
Mesmo com o reajuste dos ônibus - já efetivado em Belo Horizonte (5,66%), Fortaleza (10%) e Recife (5,53%) - e da gasolina, a LCA não estima que a inflação vá ultrapassar o teto da meta ao longo do ano e projeta alta de 5,4% para 2013.
- Há muitos focos de pressão inflacionária em janeiro. Mas claro que adiar o reajuste do ônibus embute um risco, que não é pequeno, de haver problema climático e ocorrer uma alta mais forte nos preços de alimentos - afirmou o economista Fábio Romão, da LCA.
Quando voltar de férias, na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai fechar o valor do aumento dos combustíveis e avaliar com sua equipe que medida pode ser adotada para tentar minimizar os efeitos sobre os preços. Uma opção seria elevar o percentual da mistura de álcool na gasolina, de 20% para 25%. Mas esta medida só seria efetivada a partir do início da safra da cana-de-açúcar, em abril, quando o preço do etanol tende a cair. Há ainda a possibilidade de redução de tributos na distribuição de combustíveis.
Principal arma que vinha sendo usada pelo governo para conter a alta da gasolina, a Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide) já foi zerada para compensar um aumento de junho do ano passado. Por isso, mesmo que o governo adote alguma compensação, a alta dos combustíveis vai acabar se refletindo na bomba
Fonte: O Globo