O governador Ricardo Coutinho nega que tenha ocorrido caixa dois em sua campanha. Ele afirma que só tomou conhecimento do caso durante a campanha de 2010. Diz que cobrou explicações e foi informado pela Secretaria de Educação do município de que o processo de compra dos livros foi regular.
Daniel diz que forneceu os livros, mas não recebeu o dinheiro combinado. Segundo ele, o representante da sua empresa, a New Life, Pietro Harley Dantas Félix, sacou os R$ 2,3 milhões pagos pela prefeitura de João Pessoa e entregou uma parte ao grupo político do governador Ricardo Coutinho. Félix seria amigo de Coriolano Coutinho, que é irmão do governador e atual superintendente da Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlur). Segundo ele, o ex-chefe de gabinete de Ricardo Coutinho e atual secretário de Transparência Pública da prefeitura de João Pessoa, Alexandre Urquiza, também teria participação Gonçalves afirma que os valores foram sacados por Félix numa agência do Banco do Brasil em Taperoá, cidade a 216 quilômetros de João Pessoa. E só foi possível porque a prefeitura teria emitido cheques nominais a ele.
Ainda durante a disputa eleitoral, o empresário contou o caso a políticos da Coligação Paraíba Unida, adversária de Ricardo nas eleições. A coligação enviou uma representação à Justiça Eleitoral contra a candidatura do atual governador por crime eleitoral. O empresário garante que não fez o vídeo para exploração política, mas para se resguardar de supostas ameaças.
Gonçalves recorreu à Justiça da Paraíba para tentar reaver os R$ 2,3 milhões da prefeitura de João Pessoa, hoje administrada por Luciano Agra (PSB). Em seu parecer, a Procuradoria-Geral de João Pessoa contesta os argumentos de Gonçalves. Ela afirma que Félix tinha plenos poderes para receber o pagamento porque tinha uma procuração de Gonçalves. Gonçalves nega que a procuração servisse para Félix sacar o dinheiro.
A revista tentou ouvir Pietro Harley Félix e Coriolano Coutinho, mas eles não atenderam as ligações da reportagem. Já Alexandre Urquiza negou as irregularidades. Segundo ele o pagamento dos R$ 2,3 milhões foi feito a quem tinha poderes para recebê-lo.