Uma droga feita à base na maconha para tratar crianças com um tipo raro e severo de epilepsia obteve bons resultados em um teste clínico, fazendo a empresa que a criou, GW Pharmaceuticals, dobrar de valor no mercado financeiro.
O estudo com o medicamento Epidolex, para tratar a síndrome de Dravet, foi o primeiro de quatro testes de fase III contra epilepsia, com resultado esperado para esse ano. O laboratório espera confirmar os benefícios terapêuticos do medicamento que contem canabinoides, moléculas derivadas da planta da maconha.
Em um teste com 120 pessoas, a redução média do número de convulsões foi de 39%, contra 13% de pacientes tomando placebo, afirma a GW.
A diferença teve significância estatística alta e gerou otimismo com relação ao futuro de vendas da droga, com as ações subindo até 125% às 12h30 em Londres.
"Isso mostra que canabinoides podem produzir dados clinicamente importantes e convincentes, e representa uma nova classe de medicamentos altamente importantes, talvez para uma variedade de problemas", afirmou Justin Gover, CEO da empresa.
Diante dos dados positivos, Gover afirma que vai pedir uma audiência na FDA (agência de vigilância sanitária dos EUA) para discutir como buscar aprovação regulatória para tratar essa forma particular de epilepsia com o medicamento.
Atualmente, não há terapia para a síndrome de Dravet aprovada pela FDA.
Sem barato
O Epidolex, que é administrado a crianças na forma de um xarope, passa também por um teste para outro tipo raro de epilepsia chamado síndrome de Lennox-Gastaut, que deve ser concluído neste ano. Testes contra outro tipo de epilepsia, a esclerose tuberosa, devem começar em breve.
Analistas estimam que, em média, a droga possa gerar receitas anuais por volta de US$ 1,1 bilhão por volta de 2021, de acordo com previsões consensuais compiladas pelo serviço de consultoria Thomson Reuters Cortellis.
A GW foi fundada em 1998 com o objetivo de capitalizar os benefícios médicos da Cannabis, purificando ingredientes ativos para evitar efeitos psicoativos, ou seja, criando medicamentos que são eficazes sem dar "barato".
Seu tratamento para esclerose múltipla, o Sativex, que é borrifado sob a língua e distribuído por parceiros de mercado, já conseguiu aprovação regulatória em mais de 20 países, apesar de não ter entrado nos EUA ainda.
O Epidolex, porém, é comercialmente mais significativo, pois a GW detém controle total sobre o produto e a empresa adequou o desenvolvimento do medicamento ao mercado americano.
Fonte: Bem Estar