Uma adolescente de 17 anos teve parte do intestino retirado durante uma cirurgia para reparar um possível erro médico cometido em um parto cesárea realizado na Maternidade Doutor Peregrino Filho, no município de Patos, a 317 km de João Pessoa. Segundo ela, a equipe médica da maternidade teria deixado uma gaze compressiva dentro da barriga dela após o parto.
De acordo com familiares da adolescente, ela teria ido à maternidade para dar à luz no mês de novembro.
Na unidade, ela passou por uma cesariana e, dias depois, recebeu alta sem se queixar de dores pós-parto.
“Os problemas de saúde começaram cerca de um mês após a cesariana. Ela veio passar um tempo com a gente e se queixava de sentir um lado da barriga maior que o outro. Após dois meses da cirurgia ela sentia muitas dores do lado direito da barriga, que começou a ficar vermelha”, contou um familiar.
Com o quadro ficando mais grave, a família decidiu retornar com a adolescente para a maternidade em Patos. No local, ela recebeu atendimento e iniciou tratamento com antibióticos, mas as dores não passavam. Além disso, o local da cirurgia começou a abrir.
Ainda na maternidade, a jovem passou por exames de imagem que, segundo o relato dos médicos a família, não mostravam nenhuma anormalidade.
“Os médicos sempre me diziam que estava tudo bem, tanto em exames feitos na maternidade como feitos em clínicas particulares. Mas eu não acreditava porque escutava alguns funcionários dizendo que havia algo errado. Contei a minha família e eles decidiram me tirar da maternidade, mesmo contra a ordem médica. Sai de lá sem que os médicos me dessem transferência e viemos para o Hospital de Emergência e Trauma em Campina Grande”, contou a adolescente.
Em Campina, ela disse que passou por um exame de tomografia, no qual os médicos constataram uma "massa estranha" dentro da barriga da adolescente.
Com os exames, os médicos do Trauma decidiram fazer uma cirurgia, neste mês de março, para remover a massa. Segundo os familiares da adolescente, durante a cirurgia, os médicos constataram que a massa estranha era uma gaze compressiva que, possivelmente, havia sido deixada no corpo dela durante a cesariana.
“Como a compressa estava perfurando o intestino dela e o local estava muito infeccionado, os médicos tiveram que retirar parte do órgão. Ela passou oito dias tomando antibióticos no Trauma e recebeu alta, mas voltou três dias depois porque ainda estava com dores”, contou um familiar.
Após a segunda internação no Trauma, ela recebeu alta médica e está na casa dos familiares, no município de Cacimba de Areia, que fica na região de Patos.
Agora, a família buscou um advogado e vai entrar com um processo contra a maternidade pelo possível erro médico. “A gente vai buscar a Justiça, não apenas pela reparação dos danos, mas para que outras pessoas não passem pelo que ela passou. Não tem lógica uma mulher estar com uma gaze na barriga e os médicos da maternidade, analisando exames de imagem, não constatarem o fato. Ela ainda não se alimenta direito, além de estar passando por outros problemas de saúde”, afirmou o familiar.
Em casa, a adolescente voltou a cuidar do filho, mesmo que limitadamente por conta da cirurgia. “Não percebi que tinha algo errado porque nunca havia sido mãe e pensava que as dores eram normais. Tive parte do intestino retirado por causa desse erro na minha cesariana. Precisei passar um mês longe do meu filho por causa dos problemas de saúde que eu tive. Não quero que outras mulheres passem pelas dificuldades que eu passei”, afirmou a adolescente.
Em nota, a assessoria de comunicação da maternidade alegou que uma sindicância vai ser aberta para apurar o caso.
"A direção da Maternidade Dr. Peregrino Filho, de Patos, imediatamente após tomar conhecimento do teor da denúncia que envolve a jovem instaurou sindicância para apurar o fato relatado. O diretor geral da Maternidade, Odir Borges Pereira Filho, que examinou a paciente em janeiro deste ano esclarece que, na ocasião, foi solicitado novos exames, além da ultrassonografia que foi feita, mas os familiares da jovem preferiram transferir a paciente antes que eles pudessem ser realizados", diz a nota.
Fonte: Patos Online