A veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, Vânia Plaza, citou uma série de lesões e outros sofrimentos causados a bovinos e equinos em rodeios. O tema foi discutido em audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos de Animais, encerrada há pouco. O debate aconteceu por iniciativa dos deputados Ricardo Tripoli (PSDB-SP) e Capitão Augusto (PR-SP).
Em estudos próprios e no auxílio a investigações do Ministério Público, Vânia Plaza acompanhou os bastidores de rodeios no interior do País e constatou “um grande número de acidentes que afetam os animais e as pessoas também”. Ela citou problemas relativos a violência e agressividade das provas e treinamentos, condições ambientais e de manejo impróprias (como transporte, luz e som) e desrespeito aos períodos cíclicos de sono e vigília dos animais.
Vânia Plaza também mostrou pesquisa científica — feita em rodeios de Uberlândia (MG), Uberaba (MG), Presidente Prudente (SP) e Maringá (PR) — segundo a qual 48% a 65% das lesões físicas nos animais foram causadas por esporas. A veterinária lembrou que todos os mamíferos, aves e répteis têm sistemas límbicos, capazes de detectar e expressar a dor e o sofrimento. Plaza cobrou responsabilidade e ética diante dos animais.
Cultura rural
Já o pecuarista e organizador do Rodeio de Barretos (SP), Emílio Carlos dos Santos, afirmou que esse tipo de evento faz parte da cultura rural e pediu a colaboração fiscalizadora das ONGs de defesa dos animais, sobretudo em relação aos “rodeios mambembes”.
Ele admitiu já ter presenciado tratamento inadequado a equinos e bovinos, principalmente no passado, mas ressaltou as ações que vêm sendo realizadas para modernizar e regulamentar os rodeios. “Em todos os países com pecuária evoluída, como Austrália e Canadá, há rodeios, e as ONGs atuam em conjunto com os organizadores, buscando fiscalizar”, argumentou.
Emílio Santos acrescentou que o Brasil tem cerca de 200 milhões de bovinos e que é possível praticar rodeios sem maltratar animais. “Sorte é do animal que pula (ou seja, que tem aptidão para competir em rodeios) e, assim, se livra de ir para o abate”, disse. Segundo ele, uma montaria não leva mais do que oito segundos.
O pecuarista também ressaltou aspectos econômicos desses eventos na geração de empregos. E acrescentou que parte dos recursos do Rodeio de Barretos, o maior do País, é destinada ao Hospital do Câncer daquela cidade.
FONTE:IG