Mais sete casos de bebês nascidos com microcefalia em Campina Grande em 2015 foram confirmados pela gerente da 3ª Gerência Regional de Saúde, Tatiana Medeiros, na manhã desta sexta-feira (13).
Com a atualização, o número estadual chega a 16 casos: 13 em Campina Grande, um em Cabedelo, outro em São Miguel de Taipú e mais um em Sapé.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, apenas os casos de Cabedelo, São Miguel de Taipú e Sapé estavam, de fato, confirmados no órgão até as 9h40 (horário local) desta sexta-feira. Para a Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande, seis casos estão confirmados na cidade, já que a prefeitura monitora apenas o Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA).
Para a gerente da 3º Gerência Regional de Saúde, Tatiana Medeiros, os números estão aumentando e causando essas divergências por causa da demora na notificação ao órgão estadual. Segundo ela, os casos estão sendo confirmados aos poucos porque foi montada uma força-tarefa com vários profissionais para apurar os casos. "Muitas secretarias não notificam os casos ao Estado, fazendo com que nós não tivéssemos conhecimento. Com a ajuda de vários profissionais, estamos localizando mais casos", explica.
Para discutir o aumento no número de casos, a Secretaria Estadual marcou uma reunião técnica para esta sexta-feira, às 10h (horário local), na sede do órgão em João Pessoa. Em nota, a SES solicitou a todos os serviços de saúde, público e privados, que comuniquem imediatamente todos os casos de microcefalia registrados nos municípios.
Ainda segundo Tatiana Medeiros, equipes da 3ª Gerência Regional de Saúde estão visitando várias cidades e famílias. "Além dos já nascidos, estamos recebendo informações de mulheres que estão grávidas de bebês com microcefalia", disse.
Estado de emergência
O Ministério da Saúde decretou na quarta-feira (11) situação de emergência e afirmou que investiga o aumento no número de casos da doença no Nordeste. Segundo o ministério, o estado de emergência em saúde pública garante que os serviços de saúde tratem a questão da microcefalia com prioridade. A investigação das possíveis causas do aumento vai ser feita em conjunto por equipes do Ministério da Saúde e dos governos estaduais e municipais.
O Ministério da Saúde também ativou, na terça-feira (10), o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES), em Brasília. Trata-se de um mecanismo de gestão de crise, que reúne as diversas áreas que podem concorrer para resposta a esse evento de forma que o assunto seja tratado como prioridade. A investigação da causa é que tem preocupado as autoridades de saúde.
De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, a média de casos para o estado era de 10 por ano, o que representa um aumento incomum. "Estamos de fato em uma situação inusitada em termos de saúde pública", disse Castro. A situação tem sido acompanhada pelo Ministério desde o dia 22 de outubro. Em nota enviada à imprensa, o Minstério da Saúde informou que recebeu relatos dos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte sobre o mesmo assunto. As suspeitas estão sendo investigadas e contam com o monitoramento de equipes do Ministério da Saúde.
Hipótese de ligação com zika vírus
Sobre a hipótese que tem sido discutida pela comunidade médica, de que o aumento de casos de microcefalia poderia estar relacionado a infecções por zika vírus - vírus que foi identificado pela primeira vez no país em abril deste ano - os representantes do ministério afirmaram que ainda é precipitado atribuir o evento a essa causa.
Entenda o que é a microcefalia
Microcefalia é uma condição médica que se caracteriza por um crânio menor do que o tamanho médio, geralmente por causa de uma falha no desenvolvimento do cérebro. O problema pode estar associado a síndromes genéticas ou a outros fatores como abuso de álcool e drogas durante a gravidez ou a infecção da gestante por rubéola, catapora ou citomegalovirus.
Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 centímetros. Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos infecciosos, como bactérias, vírus e radiação.
Crianças que nascem com microcefalia podem ter o desenvolvimento cognitivo debilitado. Não há um tratamento definitivo capaz de fazer com que a cabeça cresça a um tamanho normal, mas há opções de tratamento capazes de diminuir o impacto associado com as deformidades.
Segundo o Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e AVC dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (Ninds-NIH), algumas crianças acometidas pela anomalia podem ter algun nivel de incapacitação. Outras podem se desenvolver de forma similar a outras crianças e ter inteligência normal.
Fonte: G1 Paraíba