Um total de 15 casos de microcefalia foram registrados no Instituto Cândida Vargas (ICV), em João Pessoa, de janeiro até a quinta-feira (19). De acordo com a diretoria da unidade, a quantidade de casos já caracteriza um surto da doença e uma investigação será feita para saber se os casos têm ligação com o Zika vírus. No ano passado, o ICV contabilizou apenas um caso de microcefalia.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde da Paraíba na manhã desta sexta-feira (20) para saber sobre o total de casos de microcefalia registrados no estado este ano.
O órgão informou que os números atualizados estão previstos para serem divulgados na terça-feira (24), através de um boletim oficial.
De acordo com o diretor clínico do ICV, Juarez Augusto, dos casos registrados, 13 crianças nasceram com a doença e duas gestantes que fazem o pré-natal na maternidade receberam o diagnóstico da malformação dos fetos na tarde da quinta-feira. Augusto explica que as pacientes foram encaminhadas por equipes do Hospital Édson Ramalho, na capital.
“Elas fizeram os exames e foi diagnosticado a microcefalia nos fetos. Este número de 15 casos dessa malformação que tivemos desde janeiro até agora é alarmante e já caracteriza um surto. Já esta semana começamos a entrevistar todas essas mães para saber se elas tiveram algum problema de saúde, virose ou zika durante a gestação”, explicou.
A Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa informou, através da assessoria de comunicação, que a partir da segunda-feira (23), todas as gestantes atendidas pela rede municipal e cuja criança for identificada com algum tipo de malformação, devem ser encaminhadas para o ICV para que seja acompanhada no local.
Relação inédita
Na terça-feira (17), o Ministério da Saúde informou que a epidemia de contaminação por zika vírus registrada no primeiro semestre é a "principal hipótese" para explicar o aumento dos casos de microcefalia na região Nordeste. No mesmo dia, exames feitos com o líquido amniótico de dois bebês com a doença em Campina Grande confirmaram que houve infecção por Zika vírus durante a gestação.
O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, informou que as investigações sobre a relação da infecção pelo vírus com a microcefalia estão sendo feitas com cautela. "Vocês podem perguntar se isso fecha a correlação entre as duas coisas, e minha resposta é: 'quase'. Estamos sendo bastantes cautelosos, mas não se encontrou nenhuma outra causa até o momento. Tivemos uma circulação importante do vírus no Brasil no primeiro semestre, coisa que aconteceu pela primeira vez na nossa história", disse Maierovitch.
Maierovitch disse ainda que a relação entre o vírus zika e a má-formação genética "é inédita no mundo" e não consta na literatura científica até o momento. "Nossos cientistas, cientistas do mundo que se interessarem, devem nos ajudar a provar essa causa e efeito."
Apesar disso, o Ministério da Saúde não trabalha com a hipótese de que o vírus zika em circulação no Brasil tenha sofrido mutação e se tornado mais perigoso. “O Zika foi identificado em pouquíssimas partes do mundo. Foi no Brasil e no primeiro semestre que ele circulou com mais intensidade. Essas consequências 'novas' podem não ter sido identificadas antes porque a circulação ocorreu em áreas limitadas", afirmou o diretor.