19 de fev. de 2015

Vitória polêmica da Beija-Flor ganha repercussão internacional.


RIO - A vitória polêmica da Beija-Flor, escola de samba de Nilópolis, na Baixada Fluminense, gerou

repercussão internacional.

Os principais jornais estrangeiros citaram o patrocínio de R$ 10 milhões para levar à Sapucaí o enredo sobre a violenta ditadura de Teodoro Obiang, há 35 anos no comando da Guiné Equatorial.

No Washington Post foi citada a matéria publicada pelo jornal O GLOBO que informava sobre o patrocínio da escola na semana passada, mas disse que a agremiação afirmou ter recebido somente um apoio cultural e artístico. O diário americano afirmou que a relação próxima com a contravenção e o jogo do bicho está presente há décadas no carnaval carioca. O periódico lembrou que outros patrocínios - como o apoio do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chaves, à Vila Isabel, em 2006 - já renderam polêmica.

A BBC também deu destaque ao caso envolvendo o patrocínio de Obiang, considerado um dos homens mais ricos da África. Segundo a rede inglesa, a Anistia Internacional pediu mais transparência e afirmou que o carnaval carioca não deveria ser patrocinado por um acusado de corrupção e violar direitos humanos. A BBC também lembrou a pontuação quase perfeita da Beija-Flor, que já havia sido campeã outras 12 vezes e era considerada uma das favoritas.

O The Guardian citou um grande debate nas redes sociais causado pela revelação feita pelo GLOBO, sobre o patrocínio polêmico. Apesar da porta-voz da Beija-Flor, Natália Louise, afirmar que a escola recebeu apenas apoio artístico e cultural, o periódico destacou que a Guiné Equatorial foi o tema do enredo. O jornal inglês também falou sobre um estudo deste ano da ONG norte-americana Human Right Watch. Segundo a pesquisa da organização, a Guiné Equatorial é um dos países mais desiguais do mundo, assolado por corrupção, pobreza e repressão. “Os vastos lucros do petróleo financiam vidas luxuosas para a pequena elite envolvendo o presidente, enquanto a maior parte da população continua vivendo na pobreza”, afirma o estudo.

A agência francesa AFP destacou a exuberância e a polêmica envolvendo o desfile da escola de Nilópolis que teria sido financiada pelo presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que comanda o país africano desde um golpe de Estado em 1979.

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Já o El País afirmou que "o desperdício econômico" do ditador Teodoro Obiang deu frutos no "carnaval mais famoso do mundo". O jornal espanhol informou que a escola já havia sido criticada no passado por exaltar a ditadura brasileira. A reportagem diz, ainda, que os desfiles no Rio de Janeiro estão com cada vez mais ostentação e que uma escola de samba gasta cerca de "1,5 milhão de euros" por ano, mas "a Beija-Flor, em parte graças a patrocinadores como Obiang, tem o dobro do orçamento".

Nesta terça-feira, uma reportagem publicada pelo jornal americano 'The Wall Street Journal' também destacou o patrocínio controverso. Segundo a publicação, as escolas de samba possuem uma controversa ligação com políticos e até traficantes de drogas, “mas a assistência de um ditador africano seria incomum mesmo para os padrões permissivos do Rio." O periódico norte-americano também citou a matéria do GLOBO com o valor do patrocínio e comentou a visita ao Rio do filho do líder da Guiné Equatorial, Teodorin Nguema Obiang Mangue, que foi visto na área VIP do Sambódromo, na segunda-feira.

A Beija-Flor foi a campeã do carnaval de 2015, dando a volta por cima depois do fiasco do ano passado, quando ficou em sétimo lugar. Com enredo apoiado por governo autoritário da África, Beija-Flor chegou ao 13º título.

Fonte OGlobo