10 de dez. de 2013

Dilma agradece luta de Mandela, mas discurso não agrada sul-africanos.

Imagem: Terra.com
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira, durante a cerimônia em homenagem ao ex-presidente Nelson Mandela, que o líder sul-africano foi um exemplo na busca pela liberdade, justiça e paz no mundo. Diante de uma plateia de 70 mil pessoas, segundo o governo local, a presidente disse que o povo brasileiro se inspirou na luta de Mandela e que chorou com sua morte.

"Sua luta transcendeu suas fronteiras nacionais e inspirou homens e mulheres, jovens e adultos, a lutarem por sua independência e justiça social. Deixou lições não só para seu querido continente africano, mas para todos aqueles que buscam a liberdade, a justiça e a paz no mundo. Nós, nação brasileira, que trazemos com orgulho o sangue africano em nossas veias, choramos e celebramos o exemplo desse grande líder que faz parte do panteão da humanidade”, afirmou.

Dilma foi a segunda chefe de Estado a discursar no evento realizado no FNB Stadium, mais conhecido como Soccer City, em Johannesburgo. Ela precisou de um tradutor e chegou a cometer algumas falhas durante sua fala, como confundir os sul-africanos com sul-americanos. O tom burocrático do discurso, no entanto, não agradou ao público, que passou a esvaziar alguns setores do estádio.

Antes dela, o presidente americano Barack Obama foi ovacionado após afirmar que Mandela foi um “gigante da história” e agradeceu ao povo sul-africano por compartilhar o ex-presidente com o restante do mundo. Obama, filho de pai queniano, lembrou que o perfil mais conhecido de Mandela, sempre com um sorriso estampado no rosto, nem sempre foi desse jeito.

“É tentador lembrar de Mandela como um ícone sorrindo, sereno, descompromissado com os problemas normais dos seres humanos. Mas ele transcendeu tudo isso. Em vez disso, Madiba insistiu em compartilhar conosco suas dúvidas, sua fé, seus erros de cálculo, junto com suas vitórias. Mandela disciplinou seu ódio e direcionou seu desejo de lutar. Ele demonstrou em ações que ideias não são suficientes. Ele era prático”, afirmou Obama.

O americano, primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, afirmou ainda que ele e sua mulher, Michele, são beneficiários da luta promovida por Mandela. No entanto, disse que o trabalho pelo fim do racismo e da desigualdade social depende de cada um absorver os ensinamentos do homem que passou 27 na prisão por não concordar com o segregacionismo.

“Ainda vemos crianças sofrendo com fome e doenças, jovens sem perspectivas para o futuro. Homens e mulheres ainda são perseguidos por sua aparência, por suas crenças, por quem eles amam. E isso está acontecendo agora. Em todo mundo hoje, homens e mulheres ainda estão em prisões por conta de suas crenças políticas. Eu não estou à altura de Madiba, mas ele me faz querer ser um homem melhor”, disse Obama em tom emocionado.
 
Fonte: Terra