3 de abr. de 2013

Cada um da o que tem.

Na última segunda-feira, dia 25 de março, ouvindo a Rádio Comunitária Rainha FM, atentei para a seguinte frase do locutor Valmir Pereira: “Não ter cultura é o Ponto de Cultura que ta falido e fechado”. Na qualidade de ativista cultural que sou, não achei que o senhor Valmir Pereira foi feliz no seu comentário com relação ao Ponto de Cultura Cantiga de Ninar,  de Itabaiana.  

Até pensei em fazer uma intervenção no ato, mas considerei que deve ter sido emotivo, afinal de contas, quando estamos movidos pelas nossas emoções, fazemos e dizemos coisas que podem ferir os sentimentos das pessoas.  Até comentei com seu colega de bancada no rádio pelo Facebook.  Na terça seguinte, após a sessão da Câmara dos Vereadores, tive a oportunidade de ver o Valmir Pereira e convidá-lo para um conversa sensata. 

Informei que o Ponto não está fechado e nem falido como ele disse. Estamos passando por uma crise, uma realidade de quase todos os Pontos de Cultura no Brasil, não somos um caso isolado. Recebemos, sim, a primeira parcela do Governo Federal em 2004 e fizemos o que constava no plano de trabalho em sua primeira etapa, depois nos enredamos na burocracia estatal e no descaso dos entes públicos, mas nossas contas são públicas, estão na internet todos os meses. Aliás, somos a única instituição de gestão pública em Itabaiana que presta contas pela rede mundial de computadores.  Falei que hoje o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar de Itabaiana funciona com aulas de violão com o cantor e compositor Vital Alves, e seguimos com a programação possível. 

Por exemplo, nos dias 5, 6 e 7 de abril estaremos com o projeto “De Janelas e Luas”, de teatro e outras atividades.

Confesso que esperava do Valmir Pereira um maior reconhecimento dessas ações, mas grande foi a minha decepção e inusitada foi a sua revolta, em altos brados no meio da rua, chamando a atenção de todos que ali estavam, repetindo as mesmas palavras usadas na segunda-feira no seu programa, agredindo com adjetivos preconceituosos o Ponto de Cultura e seus participantes.  Não entrei no seu jogo, fiquei em silêncio, pois minha educação não permite que eu chame atenção das pessoas de tal forma. Só gosto do foco dos refletores nos palcos onde atuo. Por outro lado, foi oportuno porque o comunicador Valmir Pereira mostrou para as pessoas ali presentes seu modo agressivo, desrespeitador e arrogante. 

Essas mesmas pessoas foram testemunhas de sua má educação.  Podemos conferir que quem não tem cultura é Valmir Pereira que trocou uma conversa civilizada por um comportamento afrontoso, desaforado, desequilibrado e injurioso.

Tal comportamento mancha a reputação de uma instituição como a Rádio Comunitária Rainha, que,  na minha opinião, tem sido porta-voz do povo e a cada dia vem consolidando sua audiência.  Atitudes como a do Valmir envergonham também os outros profissionais que estão fazendo o seu papel com coerência e ética jornalística. Mas é assim, minha mãe já dizia: “Meu filho, cada um dá o que tem” E olha que o Valmir trabalha numa escola, a Odete Mendes de Campo Grande.  Será que ele trata seu colegas de trabalho assim? Certamente não, mas a mim tratou de forma grosseira. Talvez na sua ótica eu não represente nada e respeito sua opinião. Sou arte-educador, faço teatro, faço cultura, e se duvida eu lhe apresento o meu portfólio de atividades culturais onde estive e estou à frente. Sabe onde eu aprendi? No Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.

Edglês Gonçalves