DUBAI — “Existem algumas coisas que não podem ser escondidas. Nem mesmo na Arábia Saudita”. Com esse slogan foi lançada a primeira campanha do país ultraconservador para combater a violência machista. A imagem fala por si só: uma mulher usa o niqab, um véu islâmico que deixa apenas os olhos à mostra, que evidencia o maltrato - um dos olhos roxo. De acordo com ativistas, uma em casa seis mulheres sauditas sofrem diariamente violência verbal, física ou emocional.
“O fenômeno das mulheres agredidas na Arábia Saudita é maior do que se vê superficialmente”, garante o site da campanha divulgada pela Fundação Jaled. “Queremos garantir a justiça para todas as mulheres e crianças expostas ao abuso em qualquer parte do país”.
O objetivo principal da campanha é mostrar aos sauditas que a violência contra as mulheres é grave. Muitos muçulmanos defendem as escrituras islâmicas que permitem castigos físicos contra suas esposas e filhos, como medida corretiva. Interpretação que vem sendo cada vez mais questionada por outros muçulmanos, especialmente as mulheres.
O peculiar sistema saudita, que mantém as mulheres sob tutela legal de um homem, seja seu pai, marido ou irmão, torna quase impossível as denúncias de abusos. O país ocupa o 131º lugar, num total de 135 países, de acordo com o último Informe sobre Disparidade de Gênero do Foro Econômico Mundial, publicado no ano passado.
Fonte: Oglobo
