Ao contrário do que muitos escritores e pesquisadores afirmavam e publicavam, que a seca não atingia toda região nordestina, atualmente, ela não se concentra somente na área conhecida como Polígono das Secas. Mas, porém, a seca já atinge praticamente todo território nordestino, do litoral ao sertão, que envolve os 9 estados (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, parte do Maranhão e parte do norte de Minas Gerais.)
As principais causas da seca do nordeste são naturais. A região está localizada numa área em que as chuvas ocorrem poucas vezes durante o ano. Esta área recebe pouca influência de massas de ar úmidas e frias vindas do sul. Logo, permanece durante muito tempo, no sertão nordestino, uma massa de ar quente e seca, não gerando precipitações pluviométrica que forma as chuvas.
A prática do desmatamento, do fogo, da monocultura e do uso indiscriminados dos agrotóxicos (venenos perigosos para o meio ambiente, para os animais e para a saúde do homem), principalmente na região da Zona da Mata e do litoral, também contribui para o aumento da temperatura na região principalmente no sertão nordestino, diminuindo em muito a falta das chuvas.•.
Está imagem foi criado pelo Blogueiro Ranys Ribeiro do Blog Click Conexão, junto com o Padre Djacy Brasileiro, para ver se os nossos Político fazem algo pelo Povo que estão sofrendo neste momento. |
A seca, além de ser um problema climático, é uma situação que gera dificuldades sociais para as pessoas que habitam a região. Com a falta de água, torna-se difícil o desenvolvimento da agricultura e a criação de animais. Desta forma, a seca provoca a falta de recursos econômicos, gerando fome e miséria no sertão nordestino. Muitas vezes, as pessoas precisam andar durante horas, sob sol e calor forte, para pegar água, muitas vezes suja e contaminada. Com uma alimentação precária e consumo de água de péssima qualidade, os nordestinos acabam vítimas de muitas doenças sem falar das injustiças praticadas contra eles por falsos poderosos e políticos inescrupulosos que se aproveitam das misérias e situações tristes de um povo sofrido e oprimido; mas acima de tudo um povo honesto e trabalhador...!
Tanto a região como sua gente humilde, sofrida e oprimida, ficam a sujeita à dependência de ações públicas assistencialistas que nem sempre funcionam e, mesmo quando funcionam, não gera condições para um desenvolvimento sustentável da região.•.
A miséria na região Nordeste, desde muito tempo, é debatida como um fenômeno histórico que assola essa porção do território brasileiro. Geralmente, diversas famílias pressionadas pela falta de oportunidade de emprego e a ausência de qualquer outro meio de vida se deslocam de seu local de origem para tentar uma vida melhor em outras partes do país, causando o êxodo rural que deixam as populações rurais sem meios de subsistência e as empurram, muitas vezes de forma permanente para as cidades, formando assim, grandes favelas urbanas. Estes fenômenos estão ligados à falta de políticas de desenvolvimento sustentável na área rural, tais como a construção de infraestruturas básicas como casas de moradias, estradas, escolas, posto de saúde, posto permanente de segurança para o homem do campo, açudagens, barragens subterrâneas, cisternas de placas, distribuição de água de boa qualidade a 100% das pessoas que estão em situação de emergência, incentivo público à agricultura adaptada ao clima e solo da região, com sistemas de irrigação, política de crédito que atenda a realidade local, política eficiente de Reforma Agrária complementada com ações urgentes de reordenamento e regularização fundiária, implantação de um sistema de desenvolvimento sustentável na região, para que as pessoas não necessitam sempre de ações assistencialistas do governo.
Por último, que o Governo Brasileiro cesse de mandar bilhões de dólares para a FIFA ao concluir a construção dos 11 estádios para a copa do mundo 2014 a realizar-se no Brasil, e que assegure recursos para a transposição do rio São Francisco. Um projeto do governo federal que visa à construção de dois canais (totalizando 700 quilômetros de extensão) para levar água do rio para regiões semiáridas do Nordeste. Desta forma, diminuiria o impacto da seca sobre a sofrida população residente, pois facilitaria o desenvolvimento da agricultura na região e mataria a sede de milhões de nordestinos. De acordo com o governo federal, o projeto seria a solução para o grave problema da seca no Nordeste, pois distribuiria água a 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte - uma população de 12 milhões de nordestinos. O prazo para realização do projeto é de 20 anos, a um custo total estimado, até meados de 2009, em R$ 4,5 bilhões.
Coincidentemente ou não, os custos para a construção dos onze estádios para a realização da copa do mundo de 2014, a realizar-se no Brasil foi orçado em R$ 4,7 bilhões. Sendo o de menor custo a construção do estádio Arena da Baixada no RS, orçado em R$ 140 milhões e o de maior custo, Cidade da Copa no Recife-PE, orçado em R$ 1,6 bilhões.
Concluindo, tenho certeza que o povo do nordeste não quer copa do mundo. O povo do nordeste que dignidade e respeito; assistência de saúde; ter o direito de ir e vir sem ser assaltado, estuprado, assassinado, atropelado; que ter estradas que não destruam vidas e patrimônio; quer ter portos, aeroportos, ferrovias, hidrovias e toda a infraestrutura em condições de atender a sua gente e não um bando de turistas de ocasião; quer educação de qualidade, onde os professores sejam respeitados por seus alunos e tenham escolas seguras e modernas, adaptadas à realidade tecnológica atual; quer que o funcionalismo público que presta serviços essenciais, como bombeiros, médicos, professores, engenheiros, técnicos agrícolas, policiais e outros sejam respeitados, tenham salário digno; que que a Justiça funcione com celeridade e não fique se arrastando até que os autores de ações pereçam; quer que as leis sejam feitas para beneficiar a todos e não a um bando de privilegiados que legislam em causa própria. Enfim, o nordeste quer matar a fome e a sede de seus trabalhadores e trabalhadoras rurais, responsáveis por mais de 80% da produção de alimentos consumidos nas refeições pelos brasileiros.••.
(*) Técnico em Agropecuária e Escritor. Já escreveu dezenas de livros todos com foco na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária. Formado desde 1987 na antiga FURNES/Nordeste, atualmente, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais – CCAA, Campus II/UEPB, Lagoa Seca-PB. Sempre esteve ao lado do homem do campo, teve a experiência de viver e trabalhar nos anos 80 nas frentes da emergência no sertão paraibano. Ivanildo viveu e conviveu mais de 10 anos nos estados do MT, BA, MG, DF e MG, com atuação na agricultura familiar e sempre na defesa da reforma agrária.
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