Oferecer às mulheres ferramentas para se protegerem quando seus parceiros não usam a camisinha é fundamental para combater a pandemia da Aids. Mulheres já representam metade dos 34,2 milhões de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo. Na África, esse número chega a 60%.
Mas desenvolver os chamados microbicidas tem sido difícil. Pesquisas anteriores encontraram um gel vaginal anti-Aids experimental que oferecia uma proteção parcial, mas lembrar-se de usá-lo em cada ato sexual seria um obstáculo para algumas mulheres.
A nova tentativa: um anel vaginal que é inserido uma vez por mês e, lentamente, espalha uma droga anti-Aids em todo o tecido ao redor dele. O trabalho marca uma tentativa de “uma nova geração de ferramentas de prevenção direcionadas às mulheres”, observou Carl Dieffenbach, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, ao anunciar a nova pesquisa na Conferência Internacional de Aids.
"Nós precisamos de opções que se encaixam facilmente na vida das mulheres", acrescentou Sharon Hillier, da Universidade de Pittsburgh e da Rede de Testes de Microbidas, que está conduzindo o estudo financiado pelo Instituto Nacional de Saúde.
Desenvolvido pela organização sem fins lucrativos "Parceria Internacional para os Microbicidas", o anel de silicone contém uma droga anti-Aids chamada dapivirine. Ao contrário dos anéis vaginais vendidos hoje nos EUA, o anel experimental não funciona como anticoncepcional. Por enquanto, o foco está somente na prevenção do HIV.
Estudos iniciais sugeriram que o anel poderia funcionar, e as mulheres afirmaram que preferiam usá-lo em vez de um gel, informou Saidi Kapiga, da Escola Londrina de Higiene e Medicina Tropical. Agora começam estudos necessários mais abrangentes para testar se o anel realmente funciona.
O estudo financiado pelo Instituto, chamado Aspire, vai envolver cerca de 3.500 mulheres em Malawi, na África do Sul, Uganda, Zâmbia e Zimbábue. Algumas vão receber ou um anel vaginal contendo dapivirine; outras, um anel idêntico na aparência, mas livre de drogas, a ser inserido uma vez por mês durante um ano.
O objetivo é verificar se a utilização do anel reduz o risco das mulheres se infectarem pelo HIV em pelo menos 60%. As primeiras mulheres em Uganda foram inscritas na terça-feira, disse Hillier.
Um estudo com um anel menor, envolvendo 1.650 mulheres, começou no mês passado na África do Sul e pretende recrutar mulheres em Ruanda e Malawi, também.
"Esse tipo de proteção com base vaginal deve causar menos efeitos colaterais que as pílulas, e estudos anteriores do anel não encontraram problemas", contou a diretora-executiva da Parceria Internacional para os Microbicidas. "Além disso, estudos em animais não mostraram nenhum sinal de que o anel poderia prejudicar o feto caso a mulher tenha engravidado ao usá-lo", acrescentou.
Dados da Uol