18 de jun. de 2012

Capacitação leva cisternas de tela de alambrado para 19 comunidades paraibanas.

Quando seu Lourival Vieira Borges, de 71 anos, soube que uma cisterna seria construída ao lado de sua casa não imaginou que veria algo tão diferente. O agricultor mora em São José dos Ramos, a 59 quilômetros da Capital, e recebeu uma equipe do Projeto Cooperar para a capacitação que ensinou a ele e a outros representantes de quatro municípios a construir uma cisterna do tipo tela de alambrado, mais resistente do que as tradicionais.


O treinamento aconteceu na semana passada e reuniu 38 pedreiros e agricultores de São José dos Ramos, Itabaiana, Salgado de São Félix e Gurinhém. Dezenove comunidades serão beneficiadas, entre elas a de seu Lourival: Lagoa Dantas. 

"Pra mim foi muito bom receber essa orientação. Com essa cisterna, a gente vai contar com água de qualidade, sem contaminação e por mais tempo”, reflete o agricultor. Antes de receber o equipamento, ele dependia de uma cacimba existente na comunidade, com água salobra, imprópria para consumo. "Para beber, a gente tinha que comprar água. Agora, vai ser diferente”, comemora.

A cisterna de tela de alambrado é menos vulnerável à contaminação devido a própria estrutura. Ela é totalmente externa, diferente da tradicional, que fica quase toda enterrada. "Elas também são mais seguras. No Haiti, onde existem os dois tipos de cisterna, a de tela de alambrado permaneceu firme quando houve o último terremoto. Já as de placa não resistiram”, compara o instrutor da capacitação, Aderaldo Souza. Ele coordenou a introdução das cisternas de alambrado no Haiti e está disponibilizando a mesma técnica ao Governo da Paraíba, através do Projeto Cooperar.

Tanto a capacitação quanto a construção das cisternas têm apoio do Governo do Estado. "Noventa por cento do valor necessário à construção das cisternas vêm do Governo e do Banco Mundial. Em contrapartida, a comunidade entra com a mão-de-obra, materiais e alguns complementos”, explica o gestor do Projeto Cooperar, Roberto Vital.

Segundo ele, cada reservatório tem capacidade para 16 mil litros de água e recebe investimentos de R$ 2,6 mil do Governo do Estado como garantia de segurança hídrica neste momento de estiagem.

Entre as comunidades beneficiadas pelo investimento estão: Campo Grande, Sítio Lagoa do Rancho, Pororoca, Mendonça, Alto da Boa Esperança e Maracaípe, em Itabaiana; Lagoa de Serra, Pau D'alho, Rancharia, Lagoa de Pedra, Nova Conquista, Lagoa Dantas e Impoeira Cercada, em São José dos Ramos; Piacas, em Salgado de São Félix; e Manecos e Manecos 1, em Gurinhém.

Agentes multiplicadores - O pedreiro Antônio Alves de Almeida é outro beneficiado. Ele mora em Lagoa de Serra, em São José dos Ramos, e atua na construção civil há 50 anos. "Essa cisterna é novidade. Eu, como pedreiro, já construí muitas do outro tipo (de placa), mas deste (de alambrado) é a primeira vez”, revela. 

Ele acredita que a cisterna de tela de alambrado vai ser mais aproveitada. "Ela é mais simples e fácil de construir. O material é mais leve e o risco de contaminação é pequeno. A outra, de placa, por ser enterrada, deixa a água contaminada”, avalia o trabalhador.

Esta semana, os representantes das comunidades que receberam as orientações vão repassar o que aprenderam para outras pessoas nas suas regiões de origem. "Eles serão agentes multiplicadores e vão compartilhar o conhecimento adquirido com outros trabalhadores. A ideia é agilizar essas construções e garantir logo a segurança hídrica das comunidades beneficiadas”, destaca o gestor do Cooperar, Roberto Vital.

Dados do Paraíba Online