4 de set. de 2011

Por falta de jovens, produtores rurais temem futuro da agricultura familiar.


A crescente saída de jovens das zonas rurais do Brasil rumo às concentrações urbanas preocupa as famílias de pequenos agricultores, principalmente das regiões Sul e Sudeste, com a falta de perspectiva de passar adiante suas propriedades e a produção. No entanto, o IBGE registra uma recente diminuição dessa corrente migratória.

Centros urbanos ainda são atrativos para jovens que buscam alternativas econômicas e educativas diferentes daquelas encontradas no meio rural. Entretanto, para o pesquisador Valter Bianchini, ex-secretário de Agricultura do Paraná, que elaborou um estudo sobre projetos para o desenvolvimento da juventude rural, medidas como políticas de capacitação profissional, criação de linhas de crédito específicas e ampliação das atividades de lazer poderiam reverter as perspectivas e o quadro do êxodo rural dos jovens.

Em 2000, o Brasil contava com 6.134.639 de jovens no campo, o que representava 18% do total do número de pessoas residentes no meio rural. Porém, o último censo, o de 2010, registrou 5.493.845 de pessoas nas mesmas localidades e na mesma faixa etária, entre 15 e 24 anos, o equivalente a 16% da população total de jovens do país.

Nos últimos anos, o IBGE constatou diminuição do total de habitantes no meio rural, com taxa negativa de crescimento populacional detectada pelos últimos censos. No período de 1991 a 2000, a taxa foi negativa em 1,3% ao ano. Já no período 2000 a 2010 a taxa continuou negativa, mas com uma queda menor, de 0,65%. 

Para o pesquisador do IBGE Fernando Albuquerque, apesar da leve queda no ritmo de diminuição da população rural entre os censos, o jovem representa parte importante desta baixa, com participação elevada no movimento migratório do meio rural para o urbano. Para ele, a ampliação do agronegócio está diretamente ligada ao fenômeno.

"A partir dos anos 80 o país começou uma intensa mecanização da agricultura, novas formas de plantio e de colheita. A produção agrícola cada vez menos necessita de mão de obra e é justamente a falta de oportunidades para os jovens que os faz sair das áreas rurais e migrar para áreas urbanas".

Com a elevação da oferta de emprego, principalmente no setor industrial e de serviços, além de encontrar condições mais acessíveis de estudos nas cidades, como escolas técnicas e faculdades, os centros urbanos tornam-se o rumo natural dos jovens nascidos no campo. Segundo Bianchini, o êxodo rural é preocupante e faz, inevitavelmente, aumentar a necessidade de se pensar políticas públicas para os pequenos municípios.